FOTO: Djhonatan Neves |
“A fotografia, antes de tudo é um testemunho. Quando se aponta a câmara para algum objeto ou sujeito, constrói um significado, faz-se uma escolha, seleciona-se um tema e conta-se uma história, cabe a nós, espectadores, o imenso desafio de lê-Ias". Ivan Lima
A pequena caixa de madeira criada por Louis Mande Daguerre, em 1839, conseguiu realizar um sonho desejado há milênios: a reprodução do real e o poder de eternizar momentos pretéritos.
De todas as manifestações artísticas, a fotografia foi a primeira a surgir dentro do sistema industrial. Pode-se afirmar que a fotografia não poderia existir como a conhecemos, sem o advento da indústria. Por esse motivo, a fotografia era vista como um "produto industrial" segundo o pintor Inglês que também disse: "a fotografia é melhor que o desenho, mas não é preciso dizê-lo".
No século XIX, a fotografia causou o maior impacto na questão da representação, do significado e na história da iconografia, O confronto entre o sujeito e o mundo, intermediado, por uma forma de expressão estranha e revolucionária, propiciou um resultado imagético, que além de sua força estética, nos leva à reflexão.
A imagem, que a fotografia nos proporciona, pode ser interpretada de maneira simples, como um momento fixado na memória - antes de tudo memória - e aquele instante congelado no fotograma nos remete à curiosidade. Aquilo que está gravado no negativo, realmente aconteceu, às vezes não sabemos de que maneira, só podemos ter a certeza de que o momento existiu e isso cria o mistério na fotografia.
Toda imagem fotográfica, além do contexto em que foi criada, como a escolha e composição de elementos visíveis a todo e qualquer observador mais atento, vestuário, personagens e etc., possuem "feridas" e "dores" pessoais e intransferíveis, percebidas individualmente e de maneira quase única. São interpretações direcionadas pela vivência e sabedoria dos observadores, que pertencem a uma determinada época e tradição.
Qualquer outro espectador poderia, através da moldura histórica contida numa fotografia, descobrir vários elementos, porém apenas o próprio fotógrafo ou fotografado poderia construir tantas indagações, dúvidas e ferida á respeito da imagem.
A imagem fotográfica não é a, absolutamente, o "reflexo da realidade", ela é quando evocada corretamente, apenas mais um aspecto "daquilo que ocorreu", mais uma evidência que colabora no desvendamento do acontecido.
Por ser uma linguagem específica, a imagem toma-se mais flexível de compreensão do que o texto, por suportar, em sua estrutura, vários significados. A imagem, neste contexto, pode ser lida exatamente como uma narrativa linear textual.
Agradecimentos ao fotografo Diomarcelo Pessanha.